12 de julho de 2007

O lado sombrio do Opus Dei


Prelazia fundada por Josemaría Escrivá afasta jovens de suas famílias – que devem ser substituídas pela “família sobrenatural” dos irmãos na fé – e submete homens e mulheres à obediência cega, afirma livro que será lançado nesta quarta-feira

Os jovens são afastados de suas “famílias de sangue”, que devem ser substituídas pela “família sobrenatural” dos irmãos na fé. Algumas horas por dia, é necessário usar o cilício, um cordão com pontas de ferro colocado por debaixo da roupa, sobre uma das coxas, para mortificar o corpo. Há regras para cada atividade do cotidiano, criadas para promover a “santificação” no mundo: não pode viajar, não pode cumprimentar mulheres com beijo, não pode sair à noite, não pode ter celular... Os superiores devem ser consultados sobre tudo, desde uma oferta de emprego até uma visita a amigos. Um índex relaciona os autores proibidos: José Saramago, James Joyce e praticamente todos os filósofos desde Descartes (1596-1650), entre outros. Mulheres passam os dias reclusas, a cozinhar, lavar e passar as roupas das chefes. Homens fazem o serviço de portaria, atendem ao telefone e lavam o carro para seus superiores. E todos se submetem a uma série de rezas – em latim –, normas e autoflagelação.

É assim que funciona o Opus Dei – uma prelazia pessoal da Igreja Católica, fundada em 1928 pelo padre espanhol Josemaría Escrivá –, segundo o livro Opus Dei – Os bastidores, que será lançado nesta quarta-feira, dia 19, às 20 horas, na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos (avenida das Nações Unidas, 4.777, Alto de Pinheiros), em São Paulo. O livro é assinado por três autores: Jean Lauand – professor titular da Faculdade de Educação da USP –, Dario Fortes Ferreira e Marcio Fernandes da Silva, todos ex-membros daquela prelazia. “Há, no Opus Dei, abdicação das iniciativas pessoais, sacrificadas a uma obediência cega e mecânica, e despersonalização do indivíduo, calcada num rigoroso e diuturno processo de doutrinação, o que se costuma designar de ‘lavagem cerebral’”, escrevem os autores. “Tal como em outras seitas, existe um enorme abismo entre a proposta de fachada da Obra e a realidade que, pouco a pouco, o prosélito vai encontrar.”
Depoimentos

Ao lado das análises dos autores, o livro traz vários depoimentos de ex-membros do Opus Dei, boa parte deles recolhida da página eletrônica www.opuslivre.org, um fórum de debates de dissidentes da prelazia. Segundo os autores, esses relatos reproduzem com exatidão a amarga experiência vivida como numerário, uma das classes de membros do Opus Dei, que residem nas casas da instituição e observam o celibato, a obediência irrestrita aos superiores e a pobreza pessoal – o que significa entregar todo o seu salário mensal à Obra.

Um dos depoimentos publicados no livro é de Marcio Fernandes da Silva. Ele descreve a trajetória típica de um numerário, segundo os autores: conheceu o Opus Dei muito cedo, com cerca de 10 anos de idade, quando passou a freqüentar atividades sociais promovidas pela prelazia num clube em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Com 14 anos começou a ir ao centro do Opus Dei na região, onde recebia “formação”, que incluía palestras e uma conversa semanal com um sacerdote. “É claro que não foi do dia para a noite que passei a participar dessas atividades. O pessoal do centro foi me propondo participar de cada uma delas de maneira gradual”, relata Marcio Silva. Até mesmo visitas a hospitais e favelas ele foi levado a fazer, não com a finalidade de assistir aos pobres e doentes, mas sim de despertar nele sentimentos de generosidade, usados depois para fazê-lo tornar-se membro da instituição, segundo conta. Estava preparado o “plano inclinado”, o processo em que a pessoa é levada a descobrir sua suposta vocação para a Obra até “apitar” – ou seja, pedir sua admissão como membro da instituição.

O livro reproduz ainda uma “conversa fraterna”, também chamada de “confidência”. Trata-se de uma sessão de 45 minutos de conversa semanal, em que o numerário escancara sua alma diante do diretor do centro onde reside, revelando toda sua intimidade. O texto citado no livro é uma simulação “nada exagerada e altamente reveladora”, segundo os autores:

– Eu estava pensando em ir almoçar domingo com meus pais.
– Quando foi a última vez que você esteve com eles?
– Há um mês.
– Não convém criar hábitos nessas visitas à família de sangue. Espera umas duas semanas e aí você volta a me consultar.
Não à toa, o livro publica a carta da família de um numerário, em que, ironicamente, agradece ao Opus Dei “por mais um Natal triste, ao qual nosso filho não vai comparecer porque agora – segundo vocês – ele tem outra família” e “pela destruição da nossa família, que era feliz, normal e católica”.
Alucinações

Submetidos a um regime de regras rígidas, obediência cega e autoritarismo, os numerários acabam tendo sérios problemas mentais, segundo o livro. “Houve um numerário que começou a sentir dores de cabeça terríveis, chegou a ser tratado na clínica de Navarra, na Espanha, e acabou absolutamente imprestável para viver na Obra, que o devolveu ‘caridosamente’ para os pais. Outro começou com sintomas de depressão, foi mal diagnosticado, mal medicado e chegou a ter alucinações”, exemplificam os autores. “Outro numerário tornou-se meio que alienado, e vive encostado no centro, ex-funcionário brilhante na Cesp. Outro ainda, depois de largar, aos 50 anos, um bom cargo na Telefônica, dedica-se hoje a assistir a aulas de filosofia como ouvinte e a divulgar o pensamento do filósofo Leonardo Pólo, do Opus Dei.” Prescrito por médicos do Opus Dei, o tratamento dado a essas pessoas inclui choques elétricos e antidepressivos, segundo o livro.


Opus Dei

Os bastidores fala ainda da história da instituição desde suas origens, em Madri, até sua expansão por vários países do mundo, inclusive no Brasil, onde se instalou no final da década de 50. Inicialmente implantada em Marília, ela se deslocou para São Paulo, onde hoje mantém centros no Pacaembu, Vila Mariana, Pinheiros, Itaim e outros bairros. Está presente também em Campinas, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Brasília, Niterói, Curitiba, Belo Horizonte, Londrina e Porto Alegre.
O Jornal da USP entrou em contato com o jornalista Carlos Alberto Di Franco, apontado no livro como responsável pelas relações do Opus Dei com a mídia, mas ele não quis falar sobre a publicação. “Eu não vou fazer nenhum comentário”, disse Di Franco, por telefone, confirmando apenas que leu o livro. “Isso é eloqüente do ponto de vista da resposta que eu quero dar ao livro.”

“A mais brutal forma de manipulação humana”
A seguir, trecho do livro Opus Dei – Os bastidores.
Após o seu ingresso, em princípio irrevogável, o numerário aos poucos vai se moldando à Obra até que, em palavras do seu fundador, tenha somente o fim corporativo. É nesse moldar-se (ou anular-se) que a violência moral e espiritual se processa, lenta mas poderosamente. Toda e qualquer espontaneidade é suprimida e substituída gradativamente pelo dever de servir à Obra, que é, como se pode depreender, sinônimo de servir a Deus e à Igreja. A vontade de Deus vai se manifestando concreta e paulatinamente ao numerário pelos diretores, que também são numerários. A obediência genérica vai sendo detalhada. Para aquele que mora nos centros da Obra, mesmo um simples telefonema aos pais será motivo de consulta, pela qual se estabelecerá a conveniência de se fazer ou não a chamada. As correspondências que chegam para o numerário são todas violadas pelos diretores, e as cartas escritas pelo numerário são lidas por esses mesmos diretores antes de lacradas nos envelopes e enviadas. O numerário vai descobrindo, assim, pouco a pouco, em que consiste ter dito sim a Deus. Trata-se de ter dito um sim definitivo à Obra, sempre, em qualquer assunto, pois nela “não existem desobediências pequenas” e já não existe uma vida propriamente individual.

A coerção exercida dentro da Obra, que consiste em fazer com que uma pessoa realize “livremente” e com “alegria”, mesmo não querendo, mesmo chorando, mesmo amargurada e aflita, o que lhe é ordenado, sempre em nome de Deus, é a mais sofisticada e brutal forma de manipulação perpetrada contra a dignidade humana. É uma coação, digamos assim, limpa e sem marcas, na qual não é necessária a força ou a tortura física. Os diretores assumem, perante o numerário, uma dignidade divina. Os diretores devem ser obedecidos sem pestanejar, e os que obedecem terão de dizer que obedecem porque queriam e querem sempre obedecer.

O Opus Dei é uma máquina manipuladora perfeita, perversa, sugadora da individualidade e da liberdade de seus membros e só poderá ser detida ou reformada se pessoas decentes dentro da Obra se revoltarem e não aceitarem as loucuras que dizem ser vontade de Deus.

REVISTA EPOCA: Vaticano - A igreja de uma verdade só

Documento de autoria da Congregação para a Doutrina da Fé divulgado pelo Vaticano coloca a Igreja Católica como a única religião de Cristo. Teólogo protestante afirma que é preciso se preocupar mais com questões éticas do que com dogmas

Laila Abou Mahmoud

O Vaticano divulgou nesta terça-feira um documento que aponta a Igreja Católica como a única instituída por Cristo. O texto é uma retomada do documento elaborado em 2000, o “Dominus lesus”, obra da Congregação para a Doutrina da Fé, da qual o então cardeal Joseph Ratzinger fazia parte. A Congregação é conhecida como um órgão conservador dentro da própria Igreja e tutela a fé e a moral no mundo católico.

A afirmação não demorou a gerar respostas de outras instituições religiosas. A Federação das Igrejas Protestantes da Suíça (FEPS, na sigla em francês) afirmou que a Igreja Católica Romana questiona direitos essenciais adquiridos pelo diálogo ecumênico. “A FEPS constata, não sem inquietude, que a Igreja Católica Romana, ao fechar-se nela mesma, se exclui da comunhão universal das igrejas”, afirma o documento divulgado ontem à tarde. Para os protestantes, “a igreja está em toda parte, onde ela prega, onde ela celebra a ceia e administra o batismo conforme o espírito do Evangelho, e onde ela assume sua responsabilidade diante do mundo”, explica o texto. Em sua conclusão, o texto declara que a “Igreja Católica não é ela mesma a verdade”.

A réplica protestante segue um dos fundamentos da religião, o de que não é papel da Igreja ser um intermediário de Deus. “Para os protestantes, o que importa é a Bíblia, e não os dogmas”, explica Lourenço Stélio Rega, teólogo batista e diretor geral da Faculdade de Teologia Batista de São Paulo.

Para Rega, o fato de a Igreja ainda perseguir correntes como a Teologia da Libertação e tentar retomar as missas em latim são indícios de que a instituição não quer participar de uma comunidade religiosa que discorde de seus dogmas. Em entrevista a ÉPOCA, o teólogo comenta o documento publicado pelo Vaticano:

ÉPOCA – Qual a interpretação da Igreja Protestante sobre o documento ratificado pelo Papa Bento XVI?
Lourenço Stelio Rega - Acho que ele prejudica o diálogo interconfessional, que é como prefiro chamar o ecumenismo. Nós temos que trabalhar em assuntos muito mais sérios do que esse, como os dilemas éticos do risco da falta de água potável em futuro não muito distante; do aquecimento global; da injusta distribuição da riqueza e da oportunidade de trabalho; da fome e da pobreza. Isso exige um diálogo interconfessional que vai no caminho inverso às declarações do Papa Bento XVI. Eu não quero discutir religião, quero discutir a sobrevivência do homem e do planeta.

ÉPOCA - O que faz a Igreja Católica considerar-se como a única religião plena?
Rega - Quando a Igreja Católica diz que é a única, ela recorre ao que chamo de “Mito do Ídolo da Origem”. Esse mito marca a autenticidade a partir de sua origem, traçando o rastro de sangue dos papas que lideraram a Igreja Católica até hoje. Como seus líderes sucederam-se desde o primeiro apóstolo, Pedro, ela se considera a Igreja legítima. Mas, historicamente, isso é questionável. Há falhas nessa sucessão.

ÉPOCA - Qual é a relação entre a Igreja Católica e o Protestantismo?
Rega - Hoje a Igreja Católica é aceita como uma ala do Cristianismo. Não se rejeita a Igreja Católica, mas algumas doutrinas dela, como acreditar na intermediação de Maria e dos santos. Já se aceita que existem diversas tradições dentro do próprio protestantismo, como o pentecostalismo e o movimento carismático. Há essa abertura. Para os protestantes, todos podem chegar à verdade por meio de Jesus Cristo e das Escrituras. Alguns pontos de partida são semelhantes, mas a Igreja Católica não aceita.

ÉPOCA - Qual a contribuição do Papa Bento XVI para a atual postura da Igreja Católica?
Rega - Ratzinger, como novo Papa, representa um aprofundamento do caminho iniciado por João Paulo II. Em vez de a Igreja Católica ser a Igreja do Povo, ela seria a própria Igreja já dada em sua doutrina. O povo é que tem de se moldar à Igreja, e não o inverso.

ÉPOCA - Qual o efeito disso entre os fiéis?
Rega - Isso afasta os fiéis. Especialmente hoje, quando as pessoas querem respostas para o seu cotidiano. Você precisa tomar decisões no dia-a-dia e a igreja deve ajudar a encontrar respostas para isso. Discutir dogmas não ajuda muito.

ÉPOCA - A Igreja Protestante no país deve posicionar-se oficialmente com relação ao “Dominus Lesus”?
Rega - Faço parte da Assembléia da Convenção Batista do Estado de São Paulo e esse assunto ainda não entrou em pauta. O pessoal da Suíça reagiu imediatamente porque está mais próximo do calor do acontecimento. Acredito que, de hoje para o final de semana, já haja um documento. O posicionamento deve ir na mesma linha do da Federação das Igrejas Protestantes da Suíça.

Papa declara que quem não é católico não está na verdadeira igreja

Bento provoca guerra de palavras ao declarar que os outros cristãos são ‘deficientes’

O Papa Bento 16 causou controvérsia no mundo inteiro ao aprovar um documento que diz que as comunidades cristãs não católicas são ou deficientes ou não são verdadeiras igrejas, e que a Igreja Católica Romana fornece a única via de salvação.

“Cristo ‘estabeleceu aqui na terra’ apenas uma igreja”, diz o documento, reafirmando a primazia do Catolicismo.

O documento diz que as outras comunidades cristãs, tais como as protestantes, “não podem ser chamadas de ‘igrejas’ no sentido apropriado”, pois não têm o que é conhecido como sucessão apostólica — isto é, não conseguem apontar a linhagem de seus bispos até os 12 apóstolos originais de Jesus.

O documento diz que a Igreja Ortodoxa sofreu uma “ferida” porque não reconheceu a primazia do papa, acrescentando que a ferida era “ainda mais profunda” entre as denominações protestantes.

Era “difícil ver como o título de ‘Igreja’ poderia possivelmente lhes ser atribuído”, diz a declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, dando a opinião de que o Catolicismo Romano é a “única Igreja de Cristo”.

“Essas igrejas e comunidades separadas, embora creiamos que sofrem de defeitos, não são desprovidas nem de valor nem de importância no mistério da salvação”, declara o documento. “De fato o Espírito de Cristo não deixou de usá-las como instrumentos de salvação, cujos valores derivam dessa plenitude de graça e de verdade que foi confiada à Igreja Católica”.

O documento, formulado como cinco perguntas e respostas, repetia seções de um texto de 2000 que o papa escreveu quando era prefeito da congregação, “Dominus Iesus”, o qual enfureceu os protestantes e outras denominações cristãs porque dizia que não eram igrejas verdadeiras e não tinham os “meios de salvação”.

A declaração do Vaticano, assinada pelo cardeal americano William Levada, foi aprovada por Bento em 29 de junho, a festa de São Pedro e São Paulo de acordo com a religião católica.

Os líderes protestantes não perderam tempo em atacar a declaração.

“Faz-nos questionar se estamos realmente orando juntos pela unidade cristã”, disse a Aliança Mundial de Igrejas Reformadas, um grupo de 75 milhões de protestantes em mais de 100 países. “Faz-nos questionar a seriedade com que a Igreja Católica Romana leva seus diálogos com a família reformada e outras famílias da igreja”.

A edição online de hoje do jornal London Times destacou a matéria com a seguinte manchete: “Se não for católica romana, então não é a igreja apropriada, o papa diz aos cristãos”.

Sua edição online também mostra os comentários dos leitores, onde pessoas do mundo inteiro estão reagindo ao pronunciamento, inclusive:

O papa está sendo honesto ao dizer o que crê todo católico que pensa corretamente. (Brian Cinneide, Durban, África do Sul)

A Igreja Católica Romana É a Igreja verdadeira, todas as outras são “derivações”, “separações” ou denominações. (Connie, Billings, Montana, EUA)

Suponho que o centro da questão é que se não aceitarmos o papa como nosso líder, então a igreja aonde vamos é ilegítima. Essa é a coisa mais ofensiva e arrogante que já ouvi, considerando que a Igreja Católica fica nos dizendo que quer estender a mão a outras religiões cristãs e não cristãs. Eu diria que a Igreja Católica não agiu “apropriadamente” ao publicar esse artigo provocativo. (Niki Saliba, Melbourne, Austrália)

Sinto-me envergonhada de ser católica. Sinto como se uma grande parte de minha difícil, progressiva e crescente decisão de permanecer católica tenha sido extirpada. O papa vai levar a Igreja de volta a um tempo em que era habitada por uma minoria de fanáticos, que só sabiam se bajular… (Janet, Ohio, EUA)

Apenas me mostre o motivo por que é que é quase impossível permanecer católico praticante. O meio é mais importante do que a mensagem. Realmente achamos que Cristo pensaria que é mais importante pertencer a um ramo da Cristandade do que viver de acordo com os ensinamentos dele? (Maria, Sydney, Austrália)

Os primeiros cristãos deram um exemplo ruim para todos. Eles oravam em outras línguas, se envolviam com profecias, impunham as mãos sobre os doentes, expulsavam demônios e faziam cultos nas catacumbas. Eles viviam unidos até a morte e crucificação. Eles agiam como se estivessem apaixonados por Deus como resultado de uma experiência sobrenatural por meio do Espírito Santo, como resultado da morte redentora de Cristo. Esses cristãos “impróprios” nunca entendiam direito suas práticas da Igreja primitiva! (Mark, Houston, Texas, EUA)

Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com.br; www.juliosevero.com

Fonte: http://www.wnd.com/news/article.asp?ARTICLE_ID=56612

Projeto de Lei 122/2006: homofobia ou heterofobia?

Na semana passada, começamos a analisar o projeto de lei que tramita no Senado Federal, sob a relatoria da senadora Fátima Cleide (PT-RO), e que visa a alterar o Código Penal, a Lei nº 7.716/89 e a CLT. Vimos que o objetivo precípuo de tal projeto é a criminalização de condutas consideradas "homofóbicas", isto é, contrárias ao homossexualismo e às suas várias formas de expressão.
No caso, como vimos e passaremos a pormenorizar no presente ensaio jurídico, o Congresso Nacional está para aprovar uma lei que impede - e mais que isso, criminaliza! - qualquer manifestação - seja ela intelectual, filosófica, ideológica, ética, artística, científica e religiosa - contrária ao homossexualismo e às suas práticas.
Pragmaticamente, isso quer significar a imposição, flagrantemente inconstitucional, de condutas típicas de estados totalitários, tais como: a implantação da censura, da não liberdade de pensamento, da não liberdade de crença, da impossibilidade da livre manifestação intelectual e artística, a imputação de crimes de opinião e, principalmente, o uso - ilegítimo, ressalte-se - do aparato estatal-policial para intimidar e fazer valer a vontade de um grupo específico de pessoas.
Tudo isso fulcrado num discurso oficial manifesto de que é para impedir a discriminação, o preconceito e a violência contra os homossexuais. Mas esse é o discurso manifesto, porque, latentemente, sabemos que se trata da imposição do modo de ser, pensar e agir de uma minoria que não se contenta em apenas ser respeitada. Querem muito mais. Querem a imposição, indistinta e absoluta, desse seu modo particular de ser, pensar e agir, a todos.
Isso porque se trata de uma falácia semântica (para não dizer como Olavo de Carvalho o faz: um delito semântico) atestar que qualquer manifestação contrária às práticas homossexuais significa homofobia, isto é, violência ou incitação à mesma. Como afirmamos antes, uma coisa é o respeito à opção e predileções que cada um tem; outra, muito diferente, é a imposição dessas opções e predileções a quem assim não consente.
É desproporcional, abusivo e inconstitucional admitir que, se um padre ou pastor, nos seus sermões, sendo fiel ao texto que eles têm como regra de fé e prática - a Bíblia -, assente que as práticas homossexuais são pecados abomináveis perante Deus, mas que este "apesar de aborrecer o pecado, ama o pecador e por assim ser quer curá-lo, libertá-lo e salvá-lo" estejam assim sendo homofóbicos.
É razoável isso? Se o for, qual o próximo passo? Proibir a circulação da Bíblia ou parte dela? Porque vejam o que diz o Apóstolo Paulo em Carta aos Romanos, escrita no ano 55 d. C.: "Por isso Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Por causa disso, os entregou Deus às paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição pelo seu erro.(Romanos 1:24-27)".
E então? Vamos, a partir da aprovação do referido projeto, mandar prender padres, pastores e qualquer líder cristão que se opõem não ao homem ou mulher que pratica o homossexualismo, mas a tais práticas? Imaginem só que, na próxima visita do Papa ao Brasil, os integrantes da sua comitiva que, como ele, não tiverem imunidade diplomática, poderão ser presos em flagrante acusados de homofobia.
A pergunta que não quer calar é: essa é realmente a vontade da maioria da sociedade brasileira? Estamos diante de uma intolerância heterossexual ou de um totalitarismo homossexual, disfarçado em um discurso de promoção dos direitos humanos e do politicamente correto?
A Constituição Federal garante, no "caput" do art. 5º, que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (..) garantindo-se o direito à vida e a liberdade, à igualdade (..)". Mais que isso, afirma a mesma, no seu art. 1º, inciso III, que constitui fundamento da República Federativa do Brasil, o princípio da dignidade da pessoa humana.
Ora, tudo isso significa, por exemplo, que se a minha predileção (que não é o mesmo que inclinação natural! Porque as predileções são determinadas culturalmente) é ser fumante ou não, homossexual ou heterossexual, acreditar em Deus ou não, ser católico, evangélico, espírita, capitalista ou comunista, enfim o que quer que seja - desde que não seja contrário ao sistema jurídico - tudo isso está num nível de dispositividade e volição de cada um. Agora, a Constituição não permite a criminalização e conseqüente condenação de pessoas pelo simples fato de elas se oporem ideológica, ética, religiosa ou culturalmente contra certas idéias ou tendências.
Ademais, de modo claro e perempório, a CF estabelece no art. 5º, como direito e garantia fundamental, que "é livre a manifestação do pensamento" (IV), "é inviolável a liberdade de consciência e crença"(VI), "ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política" (VIII), "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (IX). Pela simples leitura desses dispositivos constitucionais já podemos vislumbrar a inconstitucionalidade do referido Projeto de Lei 122/2006.
No próximo ensaio, vamos comentar, jurídica e exemplificadamente, cada um dos 12 artigos do aludido projeto e, ao final, vamos demonstrar a falácia que sustenta os motivos determinantes para a aprovação do mesmo. Isso porque, hoje, todos nós, indistintamente, se temos um direito fundamental violado, podemos usar as várias garantias constitucionais, como por exemplo, o Habeas Corpus, o Mandado de Segurança e etc.
Por que, então, os homossexuais vítimas de violência não usam os mesmos instrumentos? Se o sistema quer somente proteger, por que criminalizar condutas ao invés de tão-somente promover políticas públicas de conscientização? A idéia é protetiva ou impositiva de um padrão de comportamento?

(*) Advogado, Mestre em Direito - UFPE.

Professor da UFS

FONTE: http://www.vinacc.com.br/novo/geral/novo-artigosdacapa.php?subaction=showfull&id=1183663014&archive=&start_from=&ucat=11&

11 de julho de 2007

DEUS SUPER OMNIA


(Deus acima de tudo)
Is 40.12-31


"Onde está Deus nas tragédias e agruras da vida? Se Deus é amor, porque tanto ódio no mundo? Se Deus é bom, qual a razão de tanto mal?" Essas perguntas não são postulados de quem ignora ou desdenha Deus, apenas; elas, muitas vezes, ardem nos corações daqueles que professam sua fé na divindade. Tais perguntas nos advêm em momentos de inanidade, onde os fatores externos se mostram inexoravelmente maiores - as calamidades. Não podemos negar, também, que essas incursões à manifestação divina sejam frutos da premente necessidade humana por respostas, que subjazem em conflitos existenciais, na alma ressequida, na aridez do sofrimento individual.
Mas não adianta enrolar... Onde está Deus? Essa resposta, talvez, não exija do seu ouvinte uma tomada de atitude proporcional à revelação, provavelmente aquilo que se pretenda com tais indagações seja mais uma auto-satisfação, mesclada a resignações hipócritas. Algo do tipo: "Agora sei onde está Deus, estou satisfeito com a resposta, mas isso não muda em nada minha vida, prefiro permanecer como estou."
Esse tipo de argumento me traz a idéia de que a importância dos fatos não está no âmbito geográfico (onde), mas em quem vai carregar a minha culpa. Eu preciso do bode expiatório, para lançar sobre ele minhas farsas. Neste caso, Deus passa a ser culpado pelas tragédias, ou por Sua omissão diante delas; Ele é culpado pela desgraça moral e ética do mundo, Ele quem proporciona tais coisas ou, pelo menos, é conivente com elas por Sua omissão, quem sabe seja um manipulador. Acho interessante ventilarmos essa possibilidade da procura pela existência de Deus e Sua 'localização'; mas por que isso só em momentos de crise? Por que a grande maioria daqueles que tecem essas indagações é, exatamente, aqueles que não desejam nenhuma relação com Deus, bem como com todas as implicações dessa relação?
Coloco outro texto, Is 66.1, precisamente a parte que declara: "...O céu é o meu trono, a terra o estrado dos meus pés..." Que lições posso tirar daqui para abalizar minha defesa? Aparentemente teria a resposta da pergunta inicial - Deus está no céu. Mas porque Ele declara que faz da terra o estrado de Seus pés?
Embora Deus esteja no céu, o verso continua interpelando o homem acerca da morada divina. Seria o céu suficiente ou a terra o bastante para Deus? Haveria alguma edificação que O comportasse? Será que Deus está no céu (trono) e na terra (pés) ao mesmo tempo?
Mas se fugirmos da visão geográfica a que o texto nos arremete, e pensarmos na possibilidade de um Deus que quer se relacionar conosco, nos amar, e caminhar ao nosso lado? Se interpretarmos 'o céu' não só como figura geográfica, mas como a possibilidade transcendental divina e a 'terra' como Seu agir entre nós, e mais, em nós? Acredito que teríamos uma resposta plausível para a pergunta "Onde está Deus?"
Deus está no coração daquele que O confessa (Jo 1.12), na vida daquele que O ama
(Jo 14.23), nos sonhos dos que dependem dEle (Jo 14.12).
Se olharmos para a declaração "a terra como estrado de seus pés", e vislumbrarmos a ação divina, então não vamos enxergar um Deus omisso, que está dando uma ronda para verificar se está tudo certo, e se não estiver, nos castiga com Seu furor nada empático. Vamos passar a perceber o Deus que se relaciona e que, também, pode intervir na vida dos Seus amados. O texto de Isaías nos ensina que em Deus, podemos ter uma relação íntima, de Pai para filho, e gozarmos da Sua intervenção, quando necessária.
Mas existe outra coisa: Deus está no céu e não há quem possa abrigá-Lo sob quatro paredes, ou seja, Deus é Deus, Ele é soberano, e essa soberania não é matéria de discussão, nem de especulações, do tipo "Ele deveria fazer isso" ou "Por que não é assim?"
Outra questão é que 'a terra é estrado', isto significa que a ação sobrenatural de Deus vai sempre ser regida na esfera do milagre (milagres não são cotidianos, nem diuturnos, ou uma constante, senão seria ordem natural das coisas). Deus não vai parar o sol todo dia, nem lua a todo o momento, nem fazer cair fogo do céu levianamente, etc. Deus estabeleceu uma ordem natural para as coisas, e Deus tem propósitos em Suas ações (Ele não tem crise de divindade, fazendo-O intervir arbitrariamente na ordem da vida, quando bem quer). Mas o maior problema (pra nós) disso tudo é que Deus deu livre arbítrio ao homem.
Então as perguntas iniciais, os dilemas irresolúveis, começam a se vestir de respostas mais concretas. Porque as perguntas mudam: "Onde está o homem nas tragédias e agruras da vida?", "Porque o homem promove tanto ódio e mal sobre a terra?"
Por que há tsunamis, terremotos, furacões, maremotos, guerra nuclear, fome, miséria, violência, efeito estufa, poluição, homicídios, perversão, prostituição, promiscuidade, abortos, lares destruídos, seqüestros, etc. etc. etc.? (Cadê a resposta?)
Então eu volto a fazer a mesma pergunta, mas ela vem do lado divino, agora. Ela começou a ecoar em Gn 3.9 e, até hoje, tem sido a pergunta divina para todos aqueles que desdenham Deus: "Onde estás?"
Deus está no céu, no coração daquele que crê, na vida do justo, de quem O invocar. A prioridade divina não é o milagre (embora possa fazê-lo), mas o coração do homem. Antes dos tsunamis literais, ele quer acalmar o coração tempestivo e rebelde daquele que O evita, quer atraí-lo como um homem apaixonado por sua amada, quer despoluir nossa mente e coração de toda sujeira de valores desse mundo. Vamos compreender que numa vida com Deus não há perdas, mas lucros (Fp 1.21 com Rm 8.31-39).
Deixemos Deus ser Deus... Deixemos-O ser bom... E façamos a nossa parte.
Glória a Deus!

AUTOR: PIERRE ARRAES
pRESBÍTERO DA iGREJA bETESDA DE jUAZEIRO DO nORTE - cE

9 de julho de 2007

FUI TAMBÉM ARREBATADO

Não precisei comprar nenhum ingresso de um espetáculo musical latino-americano para sentir algo inefável na minha pessoa. Foram momentos ímpares que, muitas vezes, se fazem necessários na vida de qualquer ser.
Abdiquei, há algum tempo de lugares profanos, que me proporcionavam saciar minha sede carnal. Claro, que vivemos num mundo cheios de lugares profanos, mas nem tudo me convém.
Não vivo em prisões religiosas, sou livre, pois verdadeiramente sou livre, conheci a verdade e ela me libertou.
Quero construir catedrais factíveis de adoração ao Senhor, abrindo mão destes ímpetos profanos que no êxtase momentâneo nos torna néscios diante de tudo que aprendemos no caminhar com Cristo.
Celebrar a vida sem culpa religiosa é feitio de poucos mas dentre estes, estão os que não sentem prazer em estar nos átrios do Senhor, pois pra te adorar, ó Rei dos reis foi que eu nasci.....
Fui arrebatado (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) além da fronteira da eternidade, através deste exuberante louvor de uma pecadora (assim como eu) mas que foi lavada e remida (assim como eu) pelo sangue derramado de Cristo.
Peço perdão por não colocar um vídeo deste louvor, mas aí está a letra logo abaixo.
Saciem-se!!!
Ah, recomendo ao Ricardo Gondim, ao seu amigo Sérgio Pavarini e a todos aqueles que já ou querem sepultar o velho homem, vale a pena.

Maranata!!


"Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu." (II Coríntios 12 : 2)

"JESUS É O CAMINHO"
Heloisa Rosa

Não se turbe o vosso coração
Crede em Deus e tambem em mim
Na casa de meu Pai ha muitas moradas
Se nao fosse assim eu nao teria dito
Vou preparar-vos um lugar
Eu virei vos levarei para mim mesmo
Vós conheceis o caminho
Para aonde eu vou
Eu sou o caminho a verdade a vida
Ninguém vem ao Pai a não ser por mim
Em verdade eu vos digo
Porque eu vou para o Pai
Mais aquele que crer em mim
Obras maiores fará

Se me amardes verdadeiramente
Guardareis os meus mandamentos
E rogarei ao Pai
Ele vos dará o Consolador
E Espirito da verdade
Que o mundo nao pode receber
Mais ele habita em vós
E estará em vós prá sempre
Aquele que tem os meus mandamentos
E os guardar
Este é o que me ama
E se alguém me amar
Será amado do meu Pai
Eu tambem o amarei
E me manifestarei à Ele

À Ele

Quero te amar mais, Senhor
Quero te amar mais, Senhor

La, la, la,La, la, la, la