11 de julho de 2007

DEUS SUPER OMNIA


(Deus acima de tudo)
Is 40.12-31


"Onde está Deus nas tragédias e agruras da vida? Se Deus é amor, porque tanto ódio no mundo? Se Deus é bom, qual a razão de tanto mal?" Essas perguntas não são postulados de quem ignora ou desdenha Deus, apenas; elas, muitas vezes, ardem nos corações daqueles que professam sua fé na divindade. Tais perguntas nos advêm em momentos de inanidade, onde os fatores externos se mostram inexoravelmente maiores - as calamidades. Não podemos negar, também, que essas incursões à manifestação divina sejam frutos da premente necessidade humana por respostas, que subjazem em conflitos existenciais, na alma ressequida, na aridez do sofrimento individual.
Mas não adianta enrolar... Onde está Deus? Essa resposta, talvez, não exija do seu ouvinte uma tomada de atitude proporcional à revelação, provavelmente aquilo que se pretenda com tais indagações seja mais uma auto-satisfação, mesclada a resignações hipócritas. Algo do tipo: "Agora sei onde está Deus, estou satisfeito com a resposta, mas isso não muda em nada minha vida, prefiro permanecer como estou."
Esse tipo de argumento me traz a idéia de que a importância dos fatos não está no âmbito geográfico (onde), mas em quem vai carregar a minha culpa. Eu preciso do bode expiatório, para lançar sobre ele minhas farsas. Neste caso, Deus passa a ser culpado pelas tragédias, ou por Sua omissão diante delas; Ele é culpado pela desgraça moral e ética do mundo, Ele quem proporciona tais coisas ou, pelo menos, é conivente com elas por Sua omissão, quem sabe seja um manipulador. Acho interessante ventilarmos essa possibilidade da procura pela existência de Deus e Sua 'localização'; mas por que isso só em momentos de crise? Por que a grande maioria daqueles que tecem essas indagações é, exatamente, aqueles que não desejam nenhuma relação com Deus, bem como com todas as implicações dessa relação?
Coloco outro texto, Is 66.1, precisamente a parte que declara: "...O céu é o meu trono, a terra o estrado dos meus pés..." Que lições posso tirar daqui para abalizar minha defesa? Aparentemente teria a resposta da pergunta inicial - Deus está no céu. Mas porque Ele declara que faz da terra o estrado de Seus pés?
Embora Deus esteja no céu, o verso continua interpelando o homem acerca da morada divina. Seria o céu suficiente ou a terra o bastante para Deus? Haveria alguma edificação que O comportasse? Será que Deus está no céu (trono) e na terra (pés) ao mesmo tempo?
Mas se fugirmos da visão geográfica a que o texto nos arremete, e pensarmos na possibilidade de um Deus que quer se relacionar conosco, nos amar, e caminhar ao nosso lado? Se interpretarmos 'o céu' não só como figura geográfica, mas como a possibilidade transcendental divina e a 'terra' como Seu agir entre nós, e mais, em nós? Acredito que teríamos uma resposta plausível para a pergunta "Onde está Deus?"
Deus está no coração daquele que O confessa (Jo 1.12), na vida daquele que O ama
(Jo 14.23), nos sonhos dos que dependem dEle (Jo 14.12).
Se olharmos para a declaração "a terra como estrado de seus pés", e vislumbrarmos a ação divina, então não vamos enxergar um Deus omisso, que está dando uma ronda para verificar se está tudo certo, e se não estiver, nos castiga com Seu furor nada empático. Vamos passar a perceber o Deus que se relaciona e que, também, pode intervir na vida dos Seus amados. O texto de Isaías nos ensina que em Deus, podemos ter uma relação íntima, de Pai para filho, e gozarmos da Sua intervenção, quando necessária.
Mas existe outra coisa: Deus está no céu e não há quem possa abrigá-Lo sob quatro paredes, ou seja, Deus é Deus, Ele é soberano, e essa soberania não é matéria de discussão, nem de especulações, do tipo "Ele deveria fazer isso" ou "Por que não é assim?"
Outra questão é que 'a terra é estrado', isto significa que a ação sobrenatural de Deus vai sempre ser regida na esfera do milagre (milagres não são cotidianos, nem diuturnos, ou uma constante, senão seria ordem natural das coisas). Deus não vai parar o sol todo dia, nem lua a todo o momento, nem fazer cair fogo do céu levianamente, etc. Deus estabeleceu uma ordem natural para as coisas, e Deus tem propósitos em Suas ações (Ele não tem crise de divindade, fazendo-O intervir arbitrariamente na ordem da vida, quando bem quer). Mas o maior problema (pra nós) disso tudo é que Deus deu livre arbítrio ao homem.
Então as perguntas iniciais, os dilemas irresolúveis, começam a se vestir de respostas mais concretas. Porque as perguntas mudam: "Onde está o homem nas tragédias e agruras da vida?", "Porque o homem promove tanto ódio e mal sobre a terra?"
Por que há tsunamis, terremotos, furacões, maremotos, guerra nuclear, fome, miséria, violência, efeito estufa, poluição, homicídios, perversão, prostituição, promiscuidade, abortos, lares destruídos, seqüestros, etc. etc. etc.? (Cadê a resposta?)
Então eu volto a fazer a mesma pergunta, mas ela vem do lado divino, agora. Ela começou a ecoar em Gn 3.9 e, até hoje, tem sido a pergunta divina para todos aqueles que desdenham Deus: "Onde estás?"
Deus está no céu, no coração daquele que crê, na vida do justo, de quem O invocar. A prioridade divina não é o milagre (embora possa fazê-lo), mas o coração do homem. Antes dos tsunamis literais, ele quer acalmar o coração tempestivo e rebelde daquele que O evita, quer atraí-lo como um homem apaixonado por sua amada, quer despoluir nossa mente e coração de toda sujeira de valores desse mundo. Vamos compreender que numa vida com Deus não há perdas, mas lucros (Fp 1.21 com Rm 8.31-39).
Deixemos Deus ser Deus... Deixemos-O ser bom... E façamos a nossa parte.
Glória a Deus!

AUTOR: PIERRE ARRAES
pRESBÍTERO DA iGREJA bETESDA DE jUAZEIRO DO nORTE - cE

Um comentário:

Anônimo disse...

Pierre quero te parabenizar pelo belo texto. Você é o cara!!!