12 de julho de 2007

Papa declara que quem não é católico não está na verdadeira igreja

Bento provoca guerra de palavras ao declarar que os outros cristãos são ‘deficientes’

O Papa Bento 16 causou controvérsia no mundo inteiro ao aprovar um documento que diz que as comunidades cristãs não católicas são ou deficientes ou não são verdadeiras igrejas, e que a Igreja Católica Romana fornece a única via de salvação.

“Cristo ‘estabeleceu aqui na terra’ apenas uma igreja”, diz o documento, reafirmando a primazia do Catolicismo.

O documento diz que as outras comunidades cristãs, tais como as protestantes, “não podem ser chamadas de ‘igrejas’ no sentido apropriado”, pois não têm o que é conhecido como sucessão apostólica — isto é, não conseguem apontar a linhagem de seus bispos até os 12 apóstolos originais de Jesus.

O documento diz que a Igreja Ortodoxa sofreu uma “ferida” porque não reconheceu a primazia do papa, acrescentando que a ferida era “ainda mais profunda” entre as denominações protestantes.

Era “difícil ver como o título de ‘Igreja’ poderia possivelmente lhes ser atribuído”, diz a declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, dando a opinião de que o Catolicismo Romano é a “única Igreja de Cristo”.

“Essas igrejas e comunidades separadas, embora creiamos que sofrem de defeitos, não são desprovidas nem de valor nem de importância no mistério da salvação”, declara o documento. “De fato o Espírito de Cristo não deixou de usá-las como instrumentos de salvação, cujos valores derivam dessa plenitude de graça e de verdade que foi confiada à Igreja Católica”.

O documento, formulado como cinco perguntas e respostas, repetia seções de um texto de 2000 que o papa escreveu quando era prefeito da congregação, “Dominus Iesus”, o qual enfureceu os protestantes e outras denominações cristãs porque dizia que não eram igrejas verdadeiras e não tinham os “meios de salvação”.

A declaração do Vaticano, assinada pelo cardeal americano William Levada, foi aprovada por Bento em 29 de junho, a festa de São Pedro e São Paulo de acordo com a religião católica.

Os líderes protestantes não perderam tempo em atacar a declaração.

“Faz-nos questionar se estamos realmente orando juntos pela unidade cristã”, disse a Aliança Mundial de Igrejas Reformadas, um grupo de 75 milhões de protestantes em mais de 100 países. “Faz-nos questionar a seriedade com que a Igreja Católica Romana leva seus diálogos com a família reformada e outras famílias da igreja”.

A edição online de hoje do jornal London Times destacou a matéria com a seguinte manchete: “Se não for católica romana, então não é a igreja apropriada, o papa diz aos cristãos”.

Sua edição online também mostra os comentários dos leitores, onde pessoas do mundo inteiro estão reagindo ao pronunciamento, inclusive:

O papa está sendo honesto ao dizer o que crê todo católico que pensa corretamente. (Brian Cinneide, Durban, África do Sul)

A Igreja Católica Romana É a Igreja verdadeira, todas as outras são “derivações”, “separações” ou denominações. (Connie, Billings, Montana, EUA)

Suponho que o centro da questão é que se não aceitarmos o papa como nosso líder, então a igreja aonde vamos é ilegítima. Essa é a coisa mais ofensiva e arrogante que já ouvi, considerando que a Igreja Católica fica nos dizendo que quer estender a mão a outras religiões cristãs e não cristãs. Eu diria que a Igreja Católica não agiu “apropriadamente” ao publicar esse artigo provocativo. (Niki Saliba, Melbourne, Austrália)

Sinto-me envergonhada de ser católica. Sinto como se uma grande parte de minha difícil, progressiva e crescente decisão de permanecer católica tenha sido extirpada. O papa vai levar a Igreja de volta a um tempo em que era habitada por uma minoria de fanáticos, que só sabiam se bajular… (Janet, Ohio, EUA)

Apenas me mostre o motivo por que é que é quase impossível permanecer católico praticante. O meio é mais importante do que a mensagem. Realmente achamos que Cristo pensaria que é mais importante pertencer a um ramo da Cristandade do que viver de acordo com os ensinamentos dele? (Maria, Sydney, Austrália)

Os primeiros cristãos deram um exemplo ruim para todos. Eles oravam em outras línguas, se envolviam com profecias, impunham as mãos sobre os doentes, expulsavam demônios e faziam cultos nas catacumbas. Eles viviam unidos até a morte e crucificação. Eles agiam como se estivessem apaixonados por Deus como resultado de uma experiência sobrenatural por meio do Espírito Santo, como resultado da morte redentora de Cristo. Esses cristãos “impróprios” nunca entendiam direito suas práticas da Igreja primitiva! (Mark, Houston, Texas, EUA)

Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com.br; www.juliosevero.com

Fonte: http://www.wnd.com/news/article.asp?ARTICLE_ID=56612

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